segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

As origens da ikebana Ikenobo

Segundo Louis Frédéric, autor de Japan Encyclopedia, Ono No Imono era um aristocrata da corte da imperatriz japonesa Suiko. Em 607 d.C., ele foi enviado pelo príncipe Shotoku Taishi em uma primeira missão diplomática à China.

As viagens de intercâmbio deram bons frutos, causando grande desenvolvimento na civilização japonesa, seja na parte tecnológica como na religião e nas artes. Foi o caso da astronomia, arquitetura e literatura, entre outras. Foi na China, também, que Ono No Imono familiarizou-se com os grandes arranjos de flores (tatebanas) ofertados nos altares budistas.

Ao terminar sua missão, Ono No Imono se tornou monge, recolhendo-se a um dos mosteiros budistas fundados pelo príncipe Shotoku, o Templo Rokkakudo, em Quioto. O nome rokkaku deve-se ao formato hexagonal da construção erigida em homenagem a Nyoirin Kannon, deusa da Misericórdia.

O templo Rokkakudo localiza-se perto de um lago (ike em japonês), próximo ao qual Ono No Imono passou a viver em uma humilde cabana (bo). Ao se consagrar monge, ele recebeu o nome Senmu Ikenobo e, entre suas funções religiosas, dedicava-se à confecção de arranjos de flores para o altar do templo. Desde então, no Japão, a ikebana tem sido considerada uma forma de arte, mas também um estilo espiritualizado de vida chamado kado (de ka, flor, e do, caminho).

A partir de Senmu, a palavra Ikenobo passa a nomear a mais antiga escola de ikebana, bem como a família que, por gerações, têm servido de sacerdote do templo Hokkakudo – uma vez que o prefixo Sen é passado de pai para filho primogênito. Atualmente Sen’ei Ikenobo, nascido em 1933, é o 45º. grão-mestre desta escola que busca descobrir a verdade na beleza das flores ao abraçar o Espírito de Harmonia defendido pelo príncipe Shotoku.

Hoje o templo Rokkakudo é o 18° local de peregrinação da deusa Kannon, num roteiro que compreende 33 templos. Além disso, é a sede da Ikenobo Society of Floral Art (Ikenobo Kodokai).

Texto: Monica Martinez

Referências
FRÉDÉRIC, Louis. Japan Encyclopedia. Cambridge: Harvard University Press, 2005, p. 755. Acesso em: 17 jan 2011.
IKENOBO, Sen’ei. The book of Ikebana: part 1. Kyoto, Inebobo Somusho, 1985.

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